domingo, 16 de junho de 2013

Carlos Drummond de Andrade



Poeta, cronista, contista e tradutor brasileiro. Sua obra traduz a visão de um individualista comprometido com a realidade social.
Na poética de Carlos Drummond de Andrade, a expressão pessoal evolui numa linha em que a originalidade e a unidade do projeto se confirmam a cada passo. Ao mesmo tempo, também se assiste à construção de uma obra fiel à tradição literária que reúne a paisagem brasileira à poesia culta ibérica e européia.
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade natal, em Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Excelente funcionário, passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
Predomínio da individualidade. O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.
Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo, no que desmonta, dispersa, desarruma, do berço ao túmulo -- do indivíduo ou de uma cultura.
Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
No Aeroporto
Carlos Drummond de Andrade


Viajou  meu  amigo  Pedro.  Fui  levá-lo  ao  Galeão,  onde
esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não
faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã
e  numerosa  matéria  atual.  Sempre  tivemos  muito  assunto,  e  não
deixamos de explorá-lo a fundo.
Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a
bem  dizer,  não  se  digne  de  pronunciar  nenhuma.  Quando  muito,
emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais
se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou  dois  meses  e  meio  em  nossa  casa,  e  foi  hóspede
ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível.
Era  a  sua  arma,  não  direi  secreta,  porque  ostensiva.  A
vista  da  pessoa  humana  lhe  dá  prazer.  Seu  sorriso  foi  logo
considerado  sorriso  especial,  revelador  de  suas  boas  intenções
para  com  o  mundo  ocidental  e  oriental,  e  em  particular  o  nosso
trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados
com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a
classificação.
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho;
tinha  horários  especiais,  comidas  especiais,  roupas  especiais,
sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e
seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores.
Recebia  tudo  com  naturalidade,  sabendo-se  merecedor
das  distinções,  e  ninguém  se  lembraria  de  achá-lo  egoísta  ou
importuno.
Suas  horas  de  sono  -  e  lhe  apraz  dormir  não  só  à  noite
como  principalmente  de  dia  -  eram  respeitadas  como  ritos
sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-
lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a
gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de
seus  sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de  ouvir muito
concerto  para  violino  e  orquestra,  de  Bach,  mas  também  nossos
olhos  e  ouvidos  se  forraram  à  tortura  da  tevê.  Andando  na  ponta
dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por
amor de Pedro não tinha importância.
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de
óculos  alheio  (e  não  os  usa),  relógios  de  pulso,  copos,  xícaras  e
vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho.
Não  é  colecionador;  gosta  das  coisas  para  pegá-las,
mirálas e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pôr-las
na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém
duvido  que  mantenha  este  juízo  diante  de  Pedro,  de  seu  sorriso
sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer
que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita
ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

AEROPORTO-CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

8ª série/9ºano
TRABALHANDO A COMPETÊNCIA LEITORA
Texto: AEROPORTO – Carlos Drummond de Andrade

OBJETIVOS
- Que o aluno reconheça o gênero crônica e suas características;
- Que o aluno explore o conhecimento de mundo e faça o levantamento de hipóteses.

TEMPO PREVISTO
4 aulas

CONTEÚDOS
- Características do gênero;
- As diferentes formas de percepção do cotidiano;
- Ampliação do vocabulário.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
- Identificar a finalidade de um texto, seu gênero e assunto principal;
- Inferir informação pressuposta ou subentendida em um texto literário, com base na sua compreensão global;
- Inferir opiniões ou conceitos pressupostos ou subentendidos em um texto.

ESTRATÉGIAS
- Levantamento de hipóteses, partindo do título;
- Leitura do primeiro e último parágrafos pelo professor. Os demais fragmentos serão distribuídos entre os grupos e lidos.

RECURSOS
- Texto;
- Dicionário;
- Pesquisa (Internet)
- Análise biográfica do autor.

AVALIAÇÃO
Análise do gênero crônica e dos pontos de vista apresentados (oralidade)
 Moacyr Scliar


Escritor e médico, Moacyr Jaime Scliar nasceu no dia 23 de março de 1937, no bairro do Bom Fim, Porto Alegre, e faleceu no dia 27 de fevereiro de 2011, aos 73 anos de idade. Em toda sua vida trabalhou como médico e escritor  e publicou cerca de 80 livros.
Moacyr Scliar era casado com Judith, com teve um único filho. Scliar era descendente de russos, seus pais eram da Bessarábia e chegaram no Brasil em 1904. Scliar se formou em Medicina pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), tornou-se especialista em Saúde Pública, concluiu doutorado em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública.
Em 1962, lançou o seu primeiro livro, “Histórias de médico em formação”, composto por contos inspirados em suas experiências de estudante. Em 1968, publicou “O carnaval dos animais”, sua primeira obra verdadeiramente literária.
Dentre suas obras destacam-se “O Exército de um homem só”, “A estranha nação de Rafael Mendes” e “O centauro no jardim”. Escreveu artigos para os jornais Zero Hora e Folha de São Paulo. Foi eleito como membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) no ano de 2003. Recebei o prêmio Jabuti três vezes.
O primeiro prêmio Jabuti foi recebido em 1988, pela obra “O Olho Enigmático”; em 1993, recebeu o segundo, pela obra Sonhos Tropicais”, ambos na categoria melhor romance; e, em 2009, com a obra “Manual da Paixão Solitária”, na categoria de livro do ano.
Em 1980, já havia recebido o prêmio de literatura da APCA, pela obra “O Centauro no Jardim”. Em seus livros há sempre a abordagem de temas médicos, sociais e sobre o judaísmo no Brasil. Seus livros foram traduzidos para doze idiomas.
Como médico alcançou destaque a partir de 1969, assumindo os cargos de chefe da equipe de Educação em Saúde da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul e como diretor do Departamento de Saúde Pública. Apesar de sua intensa atividade literária, era um autor que escrevia muito, conseguiu encontrar tempo para cursar pós-graduação em medicina comunitária em Israel. Em 2002, concluiu doutorado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública, o título de sua tese foi “Da Bíblia à Psicanálise: Saúde, Doença e Medicina na Cultura Judaica”.
A relatar a imigração judaica no Brasil, a obra “O Centauro no Jardim” foi considerado como um dos melhores livros sobre o tema nos últimos tempos pelo  National Yiddish Book Center. O escritor faleceu no dia 27 de fevereiro, no Hospital de Clínicas em Porto Alegre, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral), o falecimento foi em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

Fontes:
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/02/moacyr-scliar-e-enterrado-em-porto-alegre.html
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/881692-morre-aos-73-anos-o-escritor-gaucho-moacyr-scliar.shtml
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/agenciaestado/2011/02/27/morre-aos-73-anos-o-escritor-moacyr-scliar.jhtm
Pausa
Moacyr Scliar



Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e semruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a frontecalva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixavaainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher comazedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido,secamente
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse àcarga. Samuel pegou o chapéu:
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou ocarro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando osguindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras.Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com aschaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numapoltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinhobom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu achave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Aochegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-nocom curiosidade:
- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a umcanto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinasesfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o namesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido;com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papelde embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveisbuzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculoluminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguidopor um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planaltoda testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuelmexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nascostas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-locom a lança Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente:ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numapoltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou,conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; anoite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem,rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante,ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois,seguiu. Para casa.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

PAUSA – MOACIR SCLIAR

TEMPO PREVISTO: 10 aulas
SÉRIE/ANO: 8ªsérie/9ºano
CONTEÚDO TEMÁTICO:
Conto – definição e característica estudo do gênero, discurso direto e indireto, pontuação, ortografia, acentuação, foco narrativo – vocabulário, dados do autor, estudo do tema e título.
COMPETÊNCIAS  E  HABILIDADES:
H1 – Identificar o estudo do sentido produzido em um texto literário pela exploração de recursos ortográficos ou morfossintáticos. 
H22- Inferir o efeito de humor produzido em um texto pelo uso intencional de palavras, expressões ou imagens ambíguas.
ESTRATÉGIA:
Leitura silenciosa e oral
Levantamento do conhecimento prévio do aluno com roteiro de questões
Utilização de figuras para leitura d imagens, (cansaço, nervosa, repouso, etc.)
Dramatização
Música (Gilberto Gil – Vamos Fugir) trabalhar a fuga da realidade
Pesquisa (quais os tipos de problemas que levam á da realidade), uso dos dicionários, discussão em grupo e fechamento oral.
RECURSOS:
Música
Imagem
Livro didático
Figuras
Dicionário
Biblioteca
Vídeos CDs
Textos diversificados
Internet
AVALIAÇÃO:
Participação das atividades individuais e em grupo, observação da entonação da leitura oral do aluno, 
Clarice Lispector

Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.
Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977).
Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo.
Escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. (...). É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".
O PRIMEIRO BEIJO
Clarice Lispector

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)

Situação de aprendizagem

Meu primeiro beijo

Público Alvo: 7 º ano
Duração: 6 aulas
Conteúdo Temático: fruição e ativação das estratégias de leitura,elementos da narrativa.
Objetivos: desenvolver e ampliar a capacidade leitora e reconhecer a tipologia narrativa.

- Levantamento do conhecimento prévio e checagem de hipóteses:
- Antes de iniciar com o texto, mostrar a imagem da escultura de Rodin e começar com roda de conversa:
Do que se trata essa escultura?
Quem já deu o primeiro beijo?
Apresentar o título do texto explorando a palavra beijo
O professor deve listar questionamentos que contemplem os conhecimentos de mundo do aluno, suas expectativas com relação ao texto:
1- Do que se trata esse texto?
2- Em que meios podemos encontrar textos como este?
3- Como o texto se estrutura?
4- Quem o escreveu? Você sabe algo sobre ele?
5-O que você acha que o texto vai nos apresentar?
Após a leitura feita pelo professor,ele fará um levantamento dos elementos da narrativa:
1 - O texto apresentou as informações que você esperava?
2- Que palavras dificultaram o entendimento do texto?
3- Que palavras repetidas no texto resumem a sua ideia principal?
4- Quais são os personagens principais?
5 - Onde a história acontece?
6 - Que expressões indicam tempo na narrativa?
7 - O narrador participa ou não da história?
8 - Que outros textos, músicas e filmes você conhece que fala sobre esse mesmo tema?

Recursos:Música (Já sei namorar - Tribalistas),imagem de escultura de Rodin,dicionário, texto impresso, pesquisa na internet, fichas organizativas.
Avaliação: A participação oral durante a roda de conversa, os relatos vivenciados por eles e produção de um poema com o mesmo título.

Mário Prata


Biografia
Mario Alberto Campos de Morais Prata (Uberaba MG 1946). Autor. Com um humor cáustico e vibrante, baseado na observação de comportamentos e atitudes típicas da jovem classe média, Mario Prata realiza textos marcantes e representativos de sua época, como é o caso de Cordão Umbilical, Fábrica de Chocolate e Besame Bucho. Extremamente conectado à contemporaneidade, Prata não se restringe ao teatro, atuando como escritor, teledramaturgista, cronista e articulista de jornais e revistas, e roteirista de cinema.
 Economista não diplomado, Mario Prata estréia no teatro com Cordão Umbilical, em 1970, num espetáculo conduzido por José Rubens Siqueira. Identificado com os padrões da chamada "geração de 69", enfoca o difícil enfrentamento do mundo das pessoas ligadas à contracultura. O crítico Jefferson Del Rios dá boas vindas ao novo autor: "Dono de uma linguagem fluente; viva, carregada de uma vibração que se extravasa em contínuos trocadilhos e achados humorísticos, o autor faz um primeiro ato de risadas, mostrando sua gente, cinco criaturas, quatro adultas e um feto que se manifesta apenas no fim, inesperadamente, dando um tranco violento na platéia... O Cordão Umbilical é explosão de vitalidade, esta densa, ainda imperfeita e entusiasmante vitalidade que se derrama sobre o teatro brasileiro. Deve ser visto".1
Em 1971 apresenta E Se a Gente Ganhar a Guerra?, divertida comédia dirigida por Celso Nunes, anunciando seu estilo mais recorrente, a sátira mordaz e cheia de irreverência. Retorna aos palcos apenas em 1979, com uma das marcantes criações do teatro de resistênciaFábrica de Chocolate, abordando o ritual da tortura a operários pelos órgãos da repressão, encenação de Ruy Guerra. Sobre essa montagem, comenta a crítica Mariângela Alves de Lima: "Com atraso, e ainda com muita dificuldade, o teatro começa a recuperar uma função que lhe foi interditada: a de contar para os espectadores os fatos mais urgentes e terríveis da nossa história presente. Nesse sentido a peça de Mario Prata não é a primeira que os espectadores paulistas viram este ano. Mas é, sem dúvida, a mais nítida, a mais profunda e é provavelmente o passo mais largo em direção a um teatro renovado, a um teatro que cumpre até o limite máximo toda a sua potencialidade". 2
Com Dona Beja, em 1980, apresentada por Paulo César Bicalho no Palácio das Artes de Belo Horizonte, volta-se para um tema mineiro. A amizade de dois amigos, da adolescência à idade madura, é o tema de Besame Mucho, seu maior sucesso de público, originalmente encenada em 1982 por Roberto Lage, em São Paulo. O enredo, oscilando do bom humor às observações sensíveis sobre o universo da masculinidade interiorana, aproxima-o do tom confidencial observável nessa década. Por ocasião de uma montagem do texto levada ao Uruguai, observa o crítico Yan Michalski: "Besame Mucho mostrou ao público um outro tipo de reflexão política, não mais aquela que se ocupa explicitamente das instituições, mas a que estuda as repercussões do ambiente repressivo no comportamento cotidiano do homem comum. A peça de Mario Prata fez enorme sucesso, e sua presença revelou-se oportuna, pois o seu humor malicioso e a franqueza com que ela aborda os problemas sexuais da geração nascida nos anos 40 repercutiram como uma sensação muito polêmica no meio dos costumes conservadores e reprimidos da capital uruguaia".3
Salto Alto, centrada sobre a vida de uma vedete dos anos 50, é criada em 1983 por Nitis Jacon e seu grupo Proteu, de Londrina, retomando a comédia. No ano seguinte, traz à cenaPurgatório, Uma Comédia Divina, novamente com Roberto Lage, voltando a explorar a comédia de costumes e as personagens da classe média urbana. Ainda em 1984, em Papai & Mamãe - Conversando sobre Sexo, aproveitamento de cartas de consulentes da sexóloga Marta Suplicy, os resultados não são tão satisfatórios.
Alguns textos seus permanecem inéditos: O Caminho da Roça, escrita em 1990; Pilatos: Vida e Obra, adaptação da obra homônima de Carlos Heitor Cony, de 1991, e Rê Bordosa, Vida e Morte de uma Porraloca, adaptação dos quadrinhos de Angeli, em 1997.
Para a TV, Prata escreve inúmeras novelas, casos especiais e miniséries. Seu maior sucesso pessoal é de 1976, Estúpido Cupido, abordando a vida de adolescentes no interior paulista, apresentada na TV Globo. Entre outros sucessos, destacam-se: Sem Lenço e Sem Documento, de 1978; Dinheiro Vivo, de 1979; Avenida Paulista, de 1983; a minissérieA Máfia no Brasil, de 1984; e Helena, de 1987.
Como contista, articulista e cronista, escreve para os principais periódicos do país, comoÚltima HoraFolha de S.PauloO Estado de S. PauloVisãoIstoÉ SenhorJornal da Tarde.
Notas

1. RIOS, Jefferson Del. São Paulo, Folha de S.Paulo, 13 de maio de 1970.2. LIMA, Mariangela Alves de. O Teatro Ilumina Os Porões Mais Sórdidos da Violência. São Paulo, O Estado de S. Paulo, 12 de dezembro de 1979.3. MICHALSKI, Yan. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, s/ data.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM: AVESTRUZ

Série: 7ª série /8º ano.
Tempo Previsto: 5 a 6 aulas.
Objetivo: Desenvolver e ampliar a capacidade leitora dos alunos.
Conteúdos: Leitura de crônicas narrativas; analisar o sentido de humor da narrativa.
Competências e habilidades: Inferir o efeito de humor produzido em um texto pelo uso intencional de palavras, expressões.
Estratégias: Leitura compartilhada;  análise do texto com intervenção de humor; intertextualidade com a propaganda (Volkswagen).
Chamar atenção do humor através dos animais utilizados na propaganda versus texto Avestruz (exagero).
Recursos: textos impressos, vídeo (propaganda Volkswagen); giz; lousa; caderno do aluno e do professor; dicionário.
Avaliação: Verificação do efeito humor na leitura da crônica: “A mensagem” de Stanislaw Ponte Preta, com questões que contemplem as estratégias de leitura, segundo Roxane Rojo.

DESENVOLVIMENTO DA SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM


  • Ativação do conhecimento Prévio
  • Antecipação
  • Checagem de hipóteses

Avestruz

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus 10 anos, um avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu os avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.

Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruz. E se entregavam em domicílio.

E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. O avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar o avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa um avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase 3 metros - 2,70 para ser mais exato.

Mas eu estava falando da sua criação por Deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí, assustando as demais aves normais.

Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!

Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que, logo depois, Adão, dando os nomes a tudo o que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.

Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que os avestruzes vivem até os 70 anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na menopausa. Não têm, portanto, TPM. Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima!

Podem gerar de dez a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.

Ele insiste, quer que eu leve um avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.

Foi quando descobri que eles comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.

Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.

Pedi para a minha amiga levar o garoto a um psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.


Autor: Mário Prata
Ilustração: Fido Nesti



  1.       Qual o título do texto?
  2.        Você já viu este animal?
  3.       Quem pediu de presente um avestruz?
  4.       O que se entende pela expressão popular: “estômago de avestruz”. Qual a relação com o texto?
  5.       Quem narra a história?
  6.        Você sabe como é o transporte de animais em aviões?
  7.        Você sabe o significado da palavra “gigolô”?

  • Capacidades de apreciação e réplica do leitor

  1.      Quem é o autor do texto?
  2.      Qual o nome do ilustrador?
  3.      Em que veículo ela costuma circular?
  4.      Quais são os assuntos geralmente tratados nestes textos?
  5.      Qual o público-alvo?
  6.      Qual a finalidade deste texto?

  •   Percepção de relações de intertextualidade
  •   Percepção de relações de interdiscursividade
  •   Percepção de outras linguagens
       Oralmente...

  1.       Faça uma síntese da propaganda
  2.       Qual é a intenção da propaganda?
  3.       Há humor? Justifique.
  4.       Qual a relação desta propaganda com o texto Avestruz?
  5.        Há exageros nestes materiais analisados? Justifique.

  •  Apreciação estéticas e/ou afetivas
  •  Elaboração de apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos

  1. Qual a relação de valor e perspectiva que o texto traz ao leitor?
  2. Você acha possível um avestruz viver em um apartamento?
BIBLIOGRAFIA
PRATA, Mário. Avestruz. Disponível em: http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI45408-9531,00-AVESTRUZ.html. Acesso em: 14 jun.13

PRETA, Stanislaw Ponte. A mensagem. Disponível em: http://www.releituras.com/spontepreta_mensagem.asp.  Acesso em: 14 jun. 13

PROPAGANDA Volkswagen- Saveiro Monstro. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=6JgqoDyTSxo. Acesso em: 14 jun. 13

ROJO, R. H. R. (2002) A concepção de leitor e produtor de textos nos PCNs: “Ler é melhor do que estudar”. In M. T. A. Freitas & S. R. Costa (orgs) Leitura e Escrita na Formação de Professores, pp. 31-52. SP: Musa/UFJF/INEP-COMPED.

CRÉDITOS
Ariane de Oliveira
Cristina Maria Darós
Débora Guilarducci Fiusa
Elisabete Di Biazzi
Taís Patrícia Viégas
 Vilma Araújo

ANEXO
A mensagem                                       Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)


               
Um amigo nosso, comandante da VASP, conta-me a estranha mensagem recebida por um piloto americano durante uma aterrissagem.
                O avião da companhia norte-americana sobrevoava a Bahia, a caminho do Rio, quando um defeito no motor obrigou o piloto a providenciar uma aterrissagem no aeroporto mais próximo possível.
                Na Bahia, justamente na pequena cidade de Barreiras, existe uma pista de emergência (se é que se pode chamar aquilo de pista) para os aviões das linhas internacionais. Raramente é usada, mas era a mais próxima da rota do avião. Assim, o piloto não teve dúvidas. A situação dele estava muito mais pra urubu do que pra colibri. 0 negócio era mesmo se mandar para Barreiras.               
                Pediu pouso durante certo tempo, dirigindo-se à Rádio local em inglês. A resposta demorou um pouco, mas acabou vindo. Alguém, com forte sotaque nordestino, falando um inglês arrevesado e misturado com palavras em português, respondia que estava ouvindo e aconselhava o comandante a procurar outro local para aterrissagem.
                Há dias estava chovendo em Barreiras e a pista se achava em péssimo estado.
                O piloto, sem outra alternativa, insistiu em pousar assim mesmo, e tornou a pedir instruções, ouvindo-se lá a voz a dizer que estava bem, mas que não se responsabilizava pelo que desse e viesse.
                Acontece porém que isso foi dito com outras palavras, ainda num misto de português e inglês. Assim:
                — Ok. You land. But se der bode, I'il take my body out.

sábado, 15 de junho de 2013

OSMARY APARECIDA MANCIN
 
Bom Dia!
Desde criança, lia histórias em quadrinhos e os contos de fadas. Sonhava ser uma princesa a cavalgar com meu príncipe montado em seu cavalo branco.
Cresci e, então, descobri: José de Alencar e li toda sua obra. Ah, agora sonhava com o belo, leal e destemido, Peri.
O tempo passou. Ia todas as semanas à biblioteca do meu bairro, escolhia um livro e, na semana seguinte lá estava eu devolvendo o livro e escolhendo outro.
Realizei meu sonho quando ingressei na Universidade de São Paulo, para cursar Letras Vernáculas e, assim, aprofundar e aprimorar meu conhecimento em Literatura Brasileira e Portuguesa.
A vida prossegue com a paixão pela leitura e a continuação de meus estudos sobre a literatura  Universal.
Assim é a literatura, paixão, magia, aventura, suspense, romance, terror, vida !

quinta-feira, 6 de junho de 2013

MARTA REGINA CARLOS (Cursista)
São Bernardo do Campo-SP
Meu nome é Marta e leciono há quase vinte anos.
Adoro viagens, cinema, teatro, música, dança, ler e ficar em casa em dias frios.

OSMARY APARECIDA MANCIN (Cursista)
São Bernardo do Campo-SP
Sou professora na Escola Estadual Vilma Apparecida Anselmo  Silveira e leciono nas sextes, sétimas e oitavas séries deste ano. É com muito prazer que me apresento a todos e espero encontrar aqui novos conhecimento através da interação com os colegas cursistas. Um bom curso a todos.

RENATA JOSEANE DANTAS (Cursista)
São Bernardo do Campo-SP
Olá!
Trabalho na rede estadual de ensino a pouco tempo, me formei em 2008. Adoro a minha profissão apesar de ser uma trabalho árduo e desvalorizado pela sociedade. Espero que esse curso possa me ajudar no ambiente escolar.
Sou uma pessoa calma, amigável, gosto de música e de ler.



ROSA DOS SANTOS COUTO (Cursista)

São Bernardo do Campo - SP
Olá colegas cursistas, atuo no Estado como professora efetiva  em Língua Portuguesa e em 2012 fiz o curso de formação em Língua Inglesa, entretanto não assumi o cargo. Sou especializada nas obras de Clarice Lispector pela USP e estou terminando o curso de Pedagogia, por achar que esse curso complementa o que precisamos ter como bagagem, enquanto professor. Espero que o curso que ora se inicia venha somar conhecimentos em nossa área.  Força e saúde a todos.

ROSANA PAPINI DE LIMA (Cursista)
São Bernardo do Campo-SP
Sou professora da Rede desde 2005 e trabalho em um escola da periferia da cidade de São Bernardo do Campo. Neste ano estou trabalhando com as 5as. séries do  Ensino Fundamental. ( 04 salas ). E.E. Dr. "Mathias |Octávio Roxo Nobre" no bairro Batistini.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

          Relato das primeiras experiências de leitura e escrita
            O gosto pela leitura em minha vida não veio por influência dos meus pais, porque ambos não sabem ler, e o fato deles não saberem ler, acredito que foi o que mais me motivou para ler mais e mais a cada dia.
             Alguns dos depoimentos de leitura me fizeram lembrar um dos primeiros livros que li “A Montanha Encantada”, como este livro me fez viajar por outros mundos, encantados e longínquos, gostei tanto que depois li quase todos da série Vagalume, inclusive “Escaravelho do Diabo”.
             Lembro-me também de um livro que a professora de Português pediu que lêssemos para trabalho “Memórias de um cabo de vassoura”, esse me marcou demais, porque após a leitura fiquei morrendo de dó dos cabos de vassoura, quando via um, imaginava e visualizava as situações do livro, coisa de criança, mas era muito real.
            Em relação à escrita não me lembro de muita coisa, só sei que quem me ajudava e incentivava era meu (saudoso) irmão. Recordo-me que quando fui para a 4ºsérie ganhei um relógio de presente, quando cheguei em casa ele me colocou no colo, pegou o relógio e começou a me ensinar as horas, fiquei muito feliz em ganhá-lo e partir daquele ano eu passei a ganhar sempre alguma coisa, até o dia em que ele começou a namorar e casou.
                                                                                                                       Marta Regina Carlos
            

terça-feira, 4 de junho de 2013

Algumas palavras sobre minhas leituras

Quando criança, eu morava numa cidadezinha muito pequena, sem muito lazer. Então, como entretenimento, as famílias vizinhas costumavam reunir-se à noite, em frente às casas, para narrarem histórias, que, embora fictícias, faziam a todos que as ouvissem, acreditar que eram verdadeiras. Umas causavam medo, outras, curiosidades. Eram muito interessantes e, quanto mais se ouvia "aqueles causos", mais era despertada a vontade de se ouvir mais um. Fui crescendo e despertando o interesse por contos orais e pela leitura, mas não vou dizer que lia tudo que estivesse ao meu alcance. Naquele período de minha vida, a leitura só me chamava a atenção se viesse acompanhada de boas ilustrações. 
Sempre gostei muito de histórias em quadrinhos, por isso li muito Tio Patinhas, Pateta, Pato Donald, Mônica, Cebolinha entre tantas outras HQS, mas a HQ que mais me marcou foram as histórias de Tex Willer,um herói,Cowboy,ranger ou algo que o valha, do velho faroeste Americano, acho.
Já na minha adolescência, passei a ler também, Literatura de Cordel. Despertei esse interesse, levada pelo meu pai, que, de vez em quando, lia algo desse gênero para mim e meus irmãos e ainda comentava o assunto.
Mas o meu interesse por Literatura aconteceu mesmo quando cursei o ensino médio, devido aos  comentários que minha professora fazia e isso me levou a ter interesse em aprofundar o assunto, por isso fiz Letras. Amo os bons livros e os bons escritores. Sou uma apaixonada por Clarice Lispector.
Em 2006, matriculei-me na USP e tive a oportunidade de fazer um curso de especialização nas obras dessa incrível escritora.
Vivi cerca de seis meses mergulhada em suas ótimas narrativas. Antes disso, eu já havia lido Macabéia, Maçã no escuro, A vida íntima de Laura, O caso do coelho pensante e, com o curso, entre leituras e análises de contos, comolaços de família primeiro beijo, e crônicas como mineirinho, tive o prazer de ler uma de suas obras que, na minha opinião, é no mínimo, impressionante. A Paixão segundo GH.
Quanto a outras leituras, que faço apenas pelo prazer da fruição, posso citar o gênero aventura, que me prende muito.
Rosa dos Santos Couto

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Componentes do grupo 7 - Português 

                                    Grupo 7
Marta Regina Carlos
Osmary Aparecida Mancini
Renata Joseane Dantas
Rosa dos Santos Couto
Rosana Papini de Lima

Boa noite!
Nós, Marta Regina Carlos, Osmary Aparecida Mancini, Renata Joseane Dantas, Rosa dos Santos Couto e  Rosana Papini de Lima, professores da Rede Estadual de Ensino do Estado de  São Paulo, Brasil, fazemos parte de um grupo que está cursando, no momento, um curso em Rede, oferecido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Este curso tem como foco a formação à distância dos professores de Língua Portuguesa, em Leitura e escrita.
A abertura do curso aconteceu com encontros presenciais, os quais consideramos de extrema importância, pela vivência, trocas de experiências entre os colegas e maior segurança para que possamos continuá-lo on-line, produzindo, comentando e buscando orientações, quando surgirem possíveis dúvidas, junto ao tutor e demais colegas.
No decorrer do curso, haverá depoimentos feitos por todos nós, quanto às nossas leituras e escritas, bem como alguns relatos sobre nosso trabalho em sala de aula.
Nossas escritas serão colaborativas, isso quer dizer que estamos todos juntos, para obter o melhor resultado em nossa formação.

É com muita expectativa em podermos apresentar um trabalho satisfatório, que convidamos àqueles que apreciam uma boa produção textual, leituras e que se interessam pelos rumos da Educação em nosso país, a visitarem nosso blog, fazendo comentários relevantes ao nosso crescimento, enquanto educadores.
Sejam todos bem-vindos.


Rosa dos Santos Couto
                                                                                              Grupo 7 - Turma 147
                                                                                              DE de S.B.Campo/SP